quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Em que tempo nós estamos?

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Eclesiastes 3:1


Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até ao fim.
Eclesiastes 3:11


Já tenho entendido que não há coisa melhor para eles do que alegrar-se e fazer bem na sua vida;
Eclesiastes 3:12


E também que todo o homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus.
Eclesiastes 3:13


Já não há entrelinhas nos meus escritos, nada além para decifrar, a vida apenas...nas palavras de Drummond "A vida presente, os homens presentes". O cotidiano e suas manifestações tão aparentes e desnudas, esta arena de diputa e provocação diária nos perturba, nos incita ao jogo...mas que jogo? A vida é um jogo? Temos "competidores" tão demarcados? Ou será que em meio a esse tempo de guerra e estratégias, temos esquecido da dimensão da paz, do amor, da beleza e da poesia? O que é o humano? Sua condição material lhe determina a acessibilidade àquilo que é belo, humanizador e divino?  O Espírito, assim como os poemas, são pássaros! E estes pousam onde bem lhe apraz. Deus está entre nós, mesmo quando...
 
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
 
(Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Evangelizar também é humanizar...

"Evangelizar também é humanizar..." (Rev. João Dias- IPU "Rememorando a Conferência do Nordeste)








Dentre tantas palavras que flutuavam no culto da manhã de domingo (19/08/2012) estas citadas acima, pousaram sobre minha cabeça e não quiseram mais sair. Podiam alçar vôo e fazer descansar a minha consciência, mas não...elas continuam aqui martelando e me "obrigando" a escrevê-las. Pois bem, livro-me desta agonia imediata, mas nunca poderei me livrar da responsabilidade de ter a consciência de que Cristo nos chamou para evangelizar/humanizar e não escravizar/espiritualizar ninguém. Se a salvação se dá no plano individual (cada um dará conta de si mesmo a Deus), ela ocorre antes e de forma suprema no plano coletivo, visto que cada um dará conta de tudo o que fez de bom e de ruim... consigo mesmo? Pode ser, mas antes...o que fizermos de bom e de ruim com o outro, o humano, sempre alvo do amor de Deus. De um Deus que é Pai e Mãe (nas considerações de Leonardo Boff), que está mais interessado em salvar do que condenar...Mas, o que é a salvação então? Alma apenas?  E se for só alma (no sentido transcendental) porque Jesus se fazer corpo e habitar entre nós? Porque um Cristo soberano se historicizar, adentrar este mundo e se submeter a brevidade da vida? Ao tempo, ao sono, a saudade, ao amor, ao choro, a angústia, ao medo, ao frio, e a morte? O teólogo Leonardo Boff nos dá uma pista:

"A revelação de Deus se dá dentro da vida humana e da história", mas, "A revelação de Deus não deve ser pensada de forma miraculosa (apenas), pois, "a Palavra de Deus não nos dipensa de pensar, tatear, buscar, esperar e de tomar decisões". (p.71)*

Nesse sentido, essa voz que ecoa e que me traz a consciência da necessidade de me envolver mais e mais com o Reino de Deus (que é justiça, paz e alegria no Espírito Santo), e me deixar ser forjado nesse processo, essa voz e esse chamado divino se manifesta e toma posse da minha consciência.

"A existência da consciência em nós nos eleva acima de nós e nos coloca diante daquele que fala em nós: Deus. A consciência que nos chama para o bem, nos evoca para a responsabilidade e apela constantemente para a abertura aos outros é a voz de Deus que nos atinge". (p.75)*

* BOFF, Leonardo. O Destino do homem e do mundo.

NEle, que nos traz à consciência a revelação da sua palavra.
Mércia Cruz.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Texto sobre nada

"Assim eu quereria minha última crônica, que fosse pura como esse sorriso" (Fernando Sabino).

Como diz o cronista Fernando Sabino em seu texto "A última crônica", não sou poeta nem sei escrever. Não faço verso, prosa, nem sei contar meu ordinário cotidiano; vida comum, beleza que não é luxo, e sim necessidade!
As três da tarde paro em frente a máquina de fazer escritos, mais um pouco de tempo e vem a hora da prece, mas protestante como sou não fui ensinada a reverenciar a mulher divina. Uma pena! pois, se não vejo em Maria ou Ana seres dignos de toda consideração, se não vejo Deus mãe encarnado em minha mãe, como então adorar Deus de forma fragmentada?
Deus-mãe vem com tua face materna e me acolhe em teu colo, porque no curso da jornada tive mais fome de amor materno.

Mércia Cruz.