terça-feira, 9 de agosto de 2011

NOVE OPERÁRIOS MORREM EM SALVADOR



Roda Pião

Composição: Nengo Vieira

 Roda, roda, roda ô pião
na roda da vida

 Roda tudo que ele poderia ter
fora o mundo que ele tem pra merecer
com o trabalho, com a dureza da servidão
sobrevive permanente na escravidão
perde a vida pra poder ganhar o pão
ninguém liga se ele vai mudar ou não

 Roda, roda, roda ô pião
na roda da vida

Trabalhador com muito amor vive na paz de Deus
na luz do Senhor que alivia a dor que é forte demais
mas a pureza e a beleza do seu coração
é mais que tudo, que qualquer dinheiro da grande nação

 Roda, roda, roda ô pião

Na manhã de hoje (09/08/2011) a população baiana se deparou com uma triste notícia, a tragédia que acabou por vitimar nove operários sensibilizou a classe que vive do trabalho.

Falha técnica? Falta de manutenção no equipamento?... Creio que as especulações pontuais não se configuram como o foco da questão, afinal de contas, acidentes podem acontecer mesmo com todas as precauções tomadas. No entanto, do ponto de vista mais amplo fica explicitada a diferença entre a classe dominante, detentora do capital e a classe trabalhadora, vitimada em seu cotidiano, seja de forma subjetiva com precárias condições de trabalho, seja de forma objetiva e mais trágica como a efetivação de acidentes como esse que ocorrem com mais frequência do que se imagina. Neste caso específico, o capitalismo, o grande dragão devorador, mais uma vez utiliza a sua estratégia de pulverização da questão social. Conforme as considerações de Ana Elizabete Mota, a fragmentação das múltiplas expressões da questão social, culpabiliza o sujeito e retira do poder público e do modelo de organização social vigente a responsabilidade pela situação vivenciada por grande parte do povo brasileiro.
A questão social é despolitizada. As tensões sociais provocadas pelo não atendimento das demandas sociais coletivas passam a ser minimizadas através do atendimento a questões pontual (MOTA, Estado e Seguridade Social, p.06).

Todavia, diante da conjuntura atual, se a utopia não nos fornece o caminho, o sentimento fatalista e o pessimismo acaba por obstruí-los de vez. Como disse Drummond, “chegou um tempo em que a vida é uma ordem”...então...”vamos de mãos dadas” levando no coração a esperança por dias melhores...

Fica registrada aqui a moção de pesar pela morte trágica desses operários, e a solidariedade aos familiares, colegas e companheiros que todos os dias “perdem a vida pra poder ganhar o pão”

"Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá" (João 11;25).

                                                                                        Mércia Cruz.












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